Olá Pessoal!
Gostaria em nome da Equipe de Educadores dos Núcleos Marlene Rancante/ Tristão da Cunha e Imaco em agradecer a todas as pessoas que fizeram parte para a realização do projeto de Campo em Belo Vale.
A visita ocorreu no último sábado, dia 12/02/2011 com a presença de 65 jovens dos três núcleos. O objetivo do trabalho era integrá-los, de maneira lúdica, através da visita em campo, com a Unidade Formativa III, Juventude e Trabalho.
Os locais escolhidos por nossa equipe para serem visitados foram, a começar pela própria cidade:
Belo Vale: Dizem que em 1681 duas caravanas de bandeirantes se encontraram pelo interior de Minas. Uma delas vinha de São Paulo, pelo Rio das Mortes, com 240 pessoas, e era chefiada por dom Rodrigo de Castel Branco e pelo mestre-de-campo Cardoso de Almeida. A outra, voltando das paragens de Vupabussu, trazia o corpo de Fernão Dias Paes Leme. Certo é que Belo Vale seria um dos primeiros arraiais mineiros fundados pelos bandeirantes. Mais de 200 anos depois , a cidade guarda alguns traços do começo de sua história, como a Fazenda Boa Esperança, onde D. Pedro I pernoitou, peças do tempo da escravidão, hoje expostas no Museu do Escravo, pinturas de Manoel da Costa Athayde, histórias de assombrações em noites de frio, fantasmas de escravos e árvores centenárias, foram palco para os jovens do Projovem que puderam descobrir um pouquinho de toda esta história.
Museu do escravo: Num casarão de vários cômodos, os jovens encontraram várias peças do Ciclo do Ouro, instrumentos de tortura, literaturas e exposições. Também muitas peças dos senhores dos escravos, num ambiente com mobiliário e louças, numa clara tentativa de confrontar a vida de riquezas com a miséria dos escravos. No pátio do Museu há réplica de uma senzala. Tivemos o privilégio de estarmos aconpanhados pelo Sr. Antônio, atual Diretor do Museu, que possui vasto conhecimento sobre o local, o que tornou a exposição bastante agradável.
Fazenda Boa Esperança: com pinturas do famoso Mestre Ataíde, provavelmente em meados do século XVIII. Sede do Barão do Paraopeba, integrante da família Monteiro de Barros e Castro, é tombada pelo IEPHA-MG, situando-se a 06 km da sede do Município. Nessa época, segundo informações, a Boa esperança matinha uma senzala com mais de 800 escravos, cujas ruínas ainda podem ser vistas junto ao pátio fronteiro à fachada principal. Muitos jovens se encantaram com a fazenda e puderam perceber toda a exuberância daquele palacete colonial.
Comunidade Quilombola da Chacrinha: Acreditamos que este foi o ponto mais alto da visitação, a comunidade é remanescente de um quilombo. Fomos extremamente bem recebidos pela Sra. Tuquinha e Livia Leão, que nos propiciaram momentos de muito prazer, como contos antigos, história da comunidade, seus problemas atuais, demonstração do ritual de entrada nas antigas ruinas e apresentação da roda de capoeira.
O Trabalho no conjunto foi extremamente satisfatório, apresentou alguns problemas pontuais que foram sanados durante o trajeto, mas pudemos perceber que o objetivo de toda equipe foi alcançado, sobretudo a partir dos relatos dos próprios jovens, afinal o trabalho foi pensado exatamente para eles.
Abaixo, segue alguns relatos dos jovens do Imaco que já construiram seus comentários, sendo que os alunos do Marlene e Tristão estão em fase de conclusão dos depoimentos e, posteriormente, iremos socializá-los:
"Para mim foi uma grande descoberta, pois aprendi muito, conheci pontos importantes de uma cultura que continua a ser preservada. Pude também ver ali o sofrimento dos escravos, mas que hoje já foi superado. Através dos contos pude sentir um pouco deste sofrimento".
"Uma cidade muito hospitaleira, fomos muito bem recebidos pelos moradores da comunidade, porém, um povo muito sofrido, pois falta saneamento básico, meio de transporte, a saúde é precária, mas mesmo com tudo isto eles lutam e tentam super as coisas difíceis, procurando preservar suas histórias".
"Gostaria de parabenizar os professores que se empenharam na organização deste projeto, que tanto aumentou os nossos conhecimentos, obrigado a todos. Estou muito feliz, pois “o conhecimento não ocupa espaço, quem busca o conhecimento alcança a sabedoria”.
Jannifer de Paula Souza. Projovem Imaco
"Gostaria de expressar em algumas palavras como foi para mim a visita ao museu, a igreja, a comunidade quilombola e a fazenda".
"Quero em primeiro lugar agradecer a todos que preservam essa cultura e que foram muito gentis em nos receber e passar para a gente um pouco mais sobre a história de pessoas que foram tão importantes para a construção de nossa própria história. Eu só conhecia essas histórias através dos livros, mas depois que visitei esses lugares pude então aprender e ter mais consciência da realidade que foi vivida pelos escravos".
"Fiquei muito maravilhada com a conservação das peças do museu, com a dedicação e cuidado com aquele lugar que representava todo o sofrimento, trabalho árduo e sem consideração com os escravos. A maneira como valorizam tudo que ali existe e cuidam como se fosse um tesouro, na verdade é, pois é a história e cultura nossa".
"Eu agradeço a cada um que participou desse projeto. A humildade de dividir suas histórias com a gente, fazendo com que pensássemos e refletíssemos a favor do bem comum. Eu adquiri um conhecimento que só essas pessoas puderam me dar e contarei para os meus filhos tudo que vi ali. Adquiri uma grande riqueza de conhecimento através desses fatos e que este projeto siga em frente, que a Lívia junto com outras pessoas divulguem mais, para que mais outros também possam aprender mais sobre esse povo. O meu muito obrigado".
Solange. Projovem Imaco, 30 anos.
"Ter ido ao passeio em Belo Vale foi uma experiência muito boa".
"Na fazenda Boa Esperança: vi a história e aprendi de um jeito que jamais imaginei. Vendo o Sr. Antônio contando estas estórias, as de seus antepassados, parecia que estava vendo realmente o que havia acontecido ali, naquele cenário maravilhoso que é a fazenda".
"Ter visitado o museu foi como se a gente tivesse vendo um filme e ao mesmo tempo participando dele, o jeito que Sr. Antônio contava as histórias dos castigos que os escravos levavam eram muito tristes, mas foi muito importante aprender como eram suas vidas".
"A comunidade quilombola: a comunidade é muito acolhedora e apesar de todos os problemas que eles vivem, eles são alegres e dá pra ver o orgulho que eles sentem em resgatar a história de seus antepassados".
Marciana, Projovem Imaco.
"Em minha opinião a viagem foi uma oportunidade de aprender algo que não se ensina nos livros e de se ver a história do Brasil e de Minas de perto contada pelos descendentes de seus protagonistas. Do mesmo modo, tive a oportunidade de ver e sentir a dor que os nossos antepassados da escravidão viveram, muito diferente da vida que vivemos na cidade".
Fernando Henrique. Projovem Imaco.
"O passeio para mim em Belo Vale foi muito importante, pois tinha coisas que aconteceu em nosso Estado, que nem imaginaria, uma delas foi a hospedagem de Pedro I em Belo Vale, uma figura muito significante para a nossa história, no momento que ele ficou em uma fazenda para resolver coisas de interesse da causa da independência."
"'Também a visita ao museu da cidade foi muito importante, pois descobri pelo historiador os causos de muitas peças expostas e de pessoas que marcaram nossa história, a fala sobre os castigos que eram impostos pelos senhores daquela época. Os negros sofreram por um período muito grande e a questão do racismo tem que ser revisto pelos povos e pela sociedade".
"A comunidade da Chacrinha também é muito interessante, pois são sobreviventes das raízes do quilombo, onde os negros na época da escravidão viviam. Estas pessoas vivem um pouco afastadas da cidade, sobrevivendo com suas culturas, rezas resistindo ao tempo com seus costumes, planos, projetos e preservando suas culturas'.
Anderson Porto, 27 anos. Projovem Imaco.
"Propiciar aos jovens o encontro com a nossa História em Belo Vale, significa oferecer-lhes oportunidades para a compreensão de suas próprias origens, como a de todo povo brasileiro, fruto de um hibridismo cultural. O que vem sendo discutido com eles na Unidade Formativa atual é a temática de Juventude e Trabalho e, não podemos abordar este assunto, se não refletimos sobre uma das bases do trabalho no Brasil, que foi a escravidão, amplamente utilizada no século XVI e que durou até o final do XIX".
"Sinto que muitos jovens ficaram maravilhados com os locais visitados, como a Fazenda Boa Esperança e o Museu, mas acredito que ápice da visita foi a Comunidade da Chacrinha. Penso que nenhum deles havia tido oportunidade como esta e descobrir a história a partir da oralidade, da ginga de capoeira, dos rituais e das cantigas, produzidas pore pessoas fruto de quilombo remanescente, farão que estas lembranças estejam durante muito tempo em suas memórias".
Toda a equipe de educadores do Projovem têm esta consciência e acredito muito em nosso papéis, de sermos um instrumento de aprendizagem destes jovens tão carentes do ponto de vista de cultura, de informação, do saber cientifico e, por isso, procuramos oferecer-lhes ações que culminem em suas formações ética, moral e crítica.
Carlos Eduardo, Educador Ciências Humanas, Projovem Marlene/ Imaco/ Tristão